Mercado do milho segue travado no Brasil, enquanto bolsas sinalizam recuperação nos preços

Panorama geral do mercado interno
O mercado de milho no Brasil continua com ritmo lento em diversas regiões, influenciado por fatores como falta de acordos comerciais, atraso na segunda safra e riscos climáticos. Em estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, a comercialização segue cautelosa, mesmo diante de uma boa produtividade.
Rio Grande do Sul: mercado parado à espera da próxima safra
No Rio Grande do Sul, o cenário permanece estagnado, com produtores controlando os estoques e voltados às lavouras. De acordo com a TF Agroeconômica, os negócios devem se intensificar no início de junho, com a chegada de lotes já negociados com outras regiões. A liberação de espaço nos silos é prioridade. Em Panambi, os preços de pedra seguem em R$ 61,00 por saca.
Santa Catarina: alta produtividade trava negócios por falta de consenso nos preços
Em Santa Catarina, o bom desempenho das lavouras não se converte em negociações efetivas, por conta da dificuldade de acordo entre compradores e vendedores. No curto prazo, o mercado deve continuar travado. No porto, os preços seguem em R$ 72,00 para entrega em agosto (pagamento em 30/09) e R$ 73,00 para outubro (pagamento em 28/11). Para as cooperativas locais, os valores variam entre R$ 69,00 e R$ 71,00.
Paraná: mercado lento apesar de produtividade recorde
No Paraná, a primeira safra foi recentemente concluída com ótimos resultados: mesmo com uma redução de 8% na área plantada, a produtividade média foi de 10,8 mil quilos por hectare, totalizando quase 3 milhões de toneladas. Ainda assim, o mercado está travado, aguardando sinais mais claros para retomada das negociações.
Mato Grosso do Sul: clima seco impõe riscos ao milho safrinha
Mais de 60% das lavouras de milho safrinha no Mato Grosso do Sul estão em fases sensíveis como a polinização e o enchimento de grãos. A previsão do Inmet para junho é de clima seco, com chuvas abaixo da média. Isso pode favorecer a colheita, mas exige atenção redobrada à sanidade das plantas e ao planejamento para evitar perdas.
Cotações em alta indicam tentativa de recuperação nas bolsas
Bolsa Brasileira (B3): leve valorização nos contratos futuros
Na manhã desta quarta-feira (04), os preços futuros do milho operavam em alta na B3. Os contratos estavam cotados entre R$ 64,05 e R$ 72,30 por volta das 10h (horário de Brasília). O vencimento julho/25 subia 1,2% (R$ 64,05), setembro/25 avançava 0,91% (R$ 65,39), novembro/25 subia 0,72% (R$ 68,79) e janeiro/25 registrava ganho de 0,63% (R$ 72,30).
Na terça-feira (03), os contratos encerraram o dia com valorização: julho/25 subiu R$ 0,84, fechando a R$ 63,26; setembro/25 avançou R$ 0,99, chegando a R$ 68,20; e novembro/25 ganhou R$ 1,19, atingindo R$ 64,74. Apesar disso, os contratos ainda acumulam perdas na semana, refletindo o aumento da oferta interna com o avanço da colheita da segunda safra.
Chicago: correção técnica impulsiona leve alta
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros de milho também abriram o dia com alta. Por volta das 09h32 (horário de Brasília), o julho/25 era cotado a US$ 4,44 (alta de 5,50 pontos), setembro/25 a US$ 4,28 (alta de 5 pontos), dezembro/25 a US$ 4,43 (alta de 4,75 pontos) e março/25 a US$ 4,59 (alta de 4,75 pontos).
O movimento é reflexo de uma correção técnica após quatro sessões consecutivas de queda, motivada pelo avanço do plantio nos Estados Unidos e chuvas benéficas no Meio-Oeste americano. Segundo o analista Bruce Blythe, da Farm Futures, será fundamental observar se os preços conseguirão manter os patamares mínimos alcançados na terça-feira para confirmar uma recuperação de curto prazo.
Oferta elevada pressiona o mercado físico no Brasil
Apesar da valorização nas bolsas, o mercado físico brasileiro segue pressionado. Levantamento do Cepea indica queda nos preços internos, puxada pelo aumento da disponibilidade do cereal. Com isso, vendedores têm aceitado condições mais flexíveis, enquanto os compradores permanecem cautelosos, priorizando aquisições de curto prazo.
Além disso, a ausência de avanços em acordos comerciais internacionais sobre tarifas preocupa o mercado, especialmente diante da previsão do USDA de uma safra recorde nos Estados Unidos, que exigirá forte esforço de exportação.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio