Ministro do Trabalho discute desafios da inserção juvenil no mercado de trabalho com representantes da OIJ

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, recebeu nesta quarta-feira (4), em Brasília, o secretário-geral da Organização Ibero-Americana da Juventude (OIJ), Alexandre Pupo, e o diretor do Escritório da OIJ no Brasil, Gabriel Medeiros. O encontro teve como pauta central a promoção da inserção dos jovens no mercado de trabalho.
Durante a reunião, Pupo destacou que um dos temas prioritários da OIJ até 2035 é o eixo “Mundo do Trabalho e a Emancipação”. Segundo ele, uma pesquisa realizada em 2024 na América Latina revelou que a população tem percebido a juventude como um período que se estende até os 40 anos, embora a maioria das legislações no mundo considere esse limite aos 30 anos. Essa juventude prolongada, conforme Pupo, não tem relação com o fato das pessoas se sentirem jovens por mais tempo, mas sim com a dificuldade de alcançar a emancipação econômica. “Isso pode ter várias causas, mas a principal é a inserção laboral que não tem sido suficiente para a autonomia dos jovens”, afirmou o secretário-geral.
Outro ponto abordado foi a mudança nas expectativas da juventude em relação ao futuro. Segundo Pupo, o sucesso econômico, que antes era consequência de ter um emprego, uma profissão e empreender, passou a ser colocado como prioridade. “A lógica anterior era se formar e conseguir um emprego para alcançar a autonomia financeira”, disse Pupo.
O secretário-geral também alertou para um dado preocupante: 70% dos jovens consideram muito difícil ter filhos nos dias de hoje. “Basicamente, a juventude não está alcançando os meios de vida suficientes para atingir a fase adulta. Está demorando cerca de 10 anos a mais do que o tradicional”, ressaltou. Pupo chamou ainda a atenção para a falsa expectativa de sucesso econômico alimentada por carreiras como a de influenciador digital ou os ganhos em jogos de apostas online.
O ministro Luiz Marinho destacou a importância de conscientizar os jovens sobre a necessidade de planejar o futuro, traçando caminhos para a construção de uma família e a garantia de uma aposentadoria digna. Ele também ressaltou as desigualdades que marcam a trajetória da juventude, especialmente ao comparar as realidades vividas por jovens da periferia e da classe média. “Na periferia, a gravidez na adolescência dificulta a saída do ciclo de pobreza. Fica difícil se emancipar com alguém dependendo de você”, disse Marinho.
Também participaram do encontro o secretário-executivo do MTE, Francisco Macena; o diretor de Políticas para a Juventude, João Victor Motta; e Desirre Paes Liger, da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais. Representando o escritório da OIJ no Brasil, esteve presente o diretor Gabriel Medeiros.