Dólar recua com expectativa sobre reunião China-EUA e mudanças no IOF

Dólar abre em baixa nesta segunda-feira (9)
O dólar iniciou a semana em queda de 0,26%, cotado a R$ 5,5552 às 9h02. A movimentação ocorre após o anúncio de novas medidas fiscais pelo governo federal e à espera da reunião entre representantes dos Estados Unidos e da China.
Na sexta-feira (6), a moeda americana já havia encerrado o dia com desvalorização, cotada a R$ 5,5696 — o menor valor registrado desde outubro de 2023. O Ibovespa, por sua vez, fechou em baixa, aos 136.102 pontos.
Medidas fiscais em debate
Durante o fim de semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou propostas para aumentar a arrecadação do governo federal, em resposta às reações negativas do mercado ao recente decreto que previa a alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A intenção é recalibrar esse decreto e evitar desgaste político e econômico.
As medidas serão consolidadas por meio de uma Medida Provisória (MP), que deve ser formalizada após o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de viagem à França, prevista para esta terça-feira (10).
Entre as propostas discutidas estão:
- Fim da isenção de IR sobre LCI e LCA: as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) passarão a ser tributadas com alíquota de 5%.
- Aumento da CSLL para instituições financeiras: a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, atualmente em 9%, passará a ter alíquotas de 15% a 20%, abrangendo também fintechs.
- Alta na taxação das apostas esportivas: a alíquota subirá de 12% para 18%.
O governo também planeja cortar em pelo menos 10% os gastos tributários e avaliar a redução de despesas primárias.
Reação do mercado e recuo do governo sobre o IOF
O decreto com o aumento do IOF foi anunciado há cerca de duas semanas, junto ao bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento de 2024, em tentativa de cumprir a meta fiscal.
Contudo, a decisão gerou forte reação negativa no mercado e no Congresso. Parlamentares passaram a articular a revogação do decreto presidencial — medida rara nas últimas décadas. Com isso, o governo recuou parcialmente no mesmo dia do anúncio e iniciou articulações com o Legislativo para negociar alternativas de compensação.
Cenário internacional: reunião China-EUA atrai atenção
Os mercados também acompanham com atenção a reunião entre autoridades dos Estados Unidos e da China, marcada para esta segunda-feira (9), em Londres. O encontro visa avançar nas negociações comerciais e aliviar as tensões iniciadas ainda durante o governo Trump, com a imposição de tarifas de importação.
Participantes da reunião devem incluir:
- EUA: Scott Bessent (secretário do Tesouro), Howard Lutnick (secretário do Comércio) e Jamieson Greer (representante comercial).
- China: He Lifeng (vice-primeiro-ministro), que liderará a delegação chinesa.
Na semana anterior, uma conversa telefônica entre o ex-presidente Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping trouxe certo otimismo aos mercados. Trump afirmou que ambos chegaram a um entendimento positivo sobre o acordo tarifário.
Apesar de um acordo temporário firmado em maio, com redução de tarifas por 90 dias, os países ainda enfrentam dificuldades para firmar um entendimento duradouro. Investidores temem que uma escalada na guerra comercial prejudique lucros corporativos, pressione a inflação e comprometa as cadeias globais de suprimentos — especialmente às vésperas da temporada de compras de fim de ano.
Desempenho do mercado
Veja abaixo os dados atualizados:
- Dólar:
- Semana: -2,60%
- Mês: -2,60%
- Ano: -9,87%
- Ibovespa:
- Semana: -0,67%
- Mês: -0,67%
- Ano: +13,15%
Com a agenda econômica nacional e internacional agitada, investidores seguem atentos aos desdobramentos fiscais no Brasil e à evolução das negociações comerciais entre EUA e China.
*Com informações da agência de notícias Reuters.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio