Gado Sindi da Embrapa recebe certificação genética e fortalece pecuária no Semiárido

A Embrapa Semiárido, localizada em Petrolina (PE), conquistou o registro de Pureza de Origem (PO) para seu rebanho da raça Sindi, um dos mais adaptados às condições extremas do Semiárido brasileiro. A certificação foi concedida pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e marca a conclusão de quase dois anos de trabalho técnico e documental.
Com a certificação, agora é possível ampliar a oferta de material genético certificado — como sêmen, embriões e animais vivos — para pecuaristas interessados em bovinos mais resistentes ao calor e à escassez hídrica.
Certificação amplia oferta de genética adaptada ao Semiárido
O registro garante a origem dos animais e chancela a qualidade genética dos 91 exemplares, entre machos e fêmeas, mantidos pela unidade da Embrapa. A conquista foi viabilizada com o apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi (ABCSindi), que colaborou no processo junto à ABCZ.
“Com o registro, poderemos disponibilizar esse material para os criadores, com toda a documentação e garantia genética”, afirma o pesquisador Rafael Dantas, responsável pelo Núcleo de Conservação da Raça Sindi da Embrapa Semiárido.
Reconhecimento nacional da raça Sindi
O conselheiro da ABCZ, José Kléber Calou Filho, destacou a importância da iniciativa para a pecuária nacional. “É um rebanho com genética tipicamente Sindi. Ganha o Semiárido, mas também toda a pecuária brasileira”, disse.
Segundo ele, a inclusão desse material genético em outros rebanhos será estratégica, pois a raça Sindi tem ganhado espaço por sua rusticidade e potencial produtivo em ambientes adversos.
Rigor técnico garantiu a certificação PO
O processo de registro exigiu o cumprimento de todos os critérios técnicos estabelecidos pela ABCZ. Em razão da complexidade da escrituração inicial, a Embrapa firmou um termo de cooperação técnica com a ABCSindi, que intermediou a articulação com a ABCZ.
Do total de animais registrados, oito passaram pelo rito normal e 29 foram submetidos ao processo de resgate — procedimento utilizado para animais sem filiação registrada, por meio de análise de DNA. Os demais já haviam sido certificados em 2015.
A etapa final de certificação assegura que, a partir de agora, todos os nascimentos seguirão o procedimento padrão exigido pela associação.
Raça resistente e produtiva
Originária do Paquistão, a raça Sindi é conhecida por sua resistência ao calor, menor exigência nutricional e capacidade de produzir carne e leite mesmo em ambientes com baixa disponibilidade de alimentos e água. “O Sindi consegue se alimentar onde outras raças não sobrevivem. Sua rusticidade é uma vantagem estratégica frente às mudanças climáticas”, destaca Dantas.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba, Mário Borba, criador da raça há mais de 20 anos, reforça: “É um gado completo, que se adapta bem em qualquer região do Brasil. Sua origem milenar e características únicas precisam ser preservadas”.
Pesquisa e melhoramento genético
Além da conservação da raça, o rebanho Sindi da Embrapa também é utilizado em estudos nas áreas de nutrição animal, sanidade e produção de forragens. Pesquisas em andamento avaliam cruzamentos com outras raças para fortalecer a produtividade e a resistência de rebanhos no Semiárido.
Histórico do rebanho da Embrapa
O núcleo de conservação da raça Sindi da Embrapa é formado por descendentes diretos de animais importados do Paquistão em 1952. Na época, a importação foi liderada pelo pesquisador Felisberto Camargo, então diretor do Instituto Agronômico do Norte (IAN), atual Embrapa Amazônia Oriental.
Desde 1996, parte desses animais passou a ser criada no Campo Experimental da Caatinga, em Petrolina (PE), mantidos como rebanho fechado, o que garante a pureza genética da linhagem.
Conservação genética para o futuro
A Embrapa mantém, além do rebanho em campo, um banco de germoplasma com material genético da raça Sindi, armazenado na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília (DF). A iniciativa visa assegurar que as futuras gerações tenham acesso a uma genética adaptada às condições climáticas mais extremas.
“Nosso papel é preservar e compartilhar essa genética única, estratégica para os desafios de produção que estão por vir”, finaliza o pesquisador Rafael Dantas.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio