MTE resgata três trabalhadores em situação análoga à escravidão na Bahia

No dia 20 de fevereiro, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou três trabalhadores na zona rural de Serrinha, no centro-norte da Bahia. Segundo a equipe de fiscalização do Trabalho, as vítimas foram encontradas em condições análogas à escravidão em uma fazenda dedicada à criação de animais, como porcos, bois, ovelhas, galinhas e avestruzes. A operação contou com o apoio do Ministério Público do Trabalho, da Defensoria Pública da União (DPU) e da Polícia Rodoviária Federal.

Ao chegar à fazenda, a equipe de fiscalização encontrou dois trabalhadores aplicando agrotóxicos sem qualquer tipo de proteção, enquanto o terceiro cuidava dos animais. As condições de trabalho e moradia eram precárias: não havia sanitário nem água tratada, e a cozinha funcionava em uma baia ao lado do chiqueiro dos porcos. Nenhum dos trabalhadores tinha o contrato de trabalho registrado e o pagamento variava entre R$ 300 e R$ 500 por semana. Eles trabalhavam de domingo a domingo, sem descanso semanal. O trabalhador que estava na propriedade desde janeiro de 2020 relatou ter tido apenas um dia de folga durante todo o período. Os outros dois, contratados para a aplicação de agrotóxicos e serviços gerais, também informaram ter tido apenas um dia de descanso desde sua chegada. Imediatamente, a fiscalização suspendeu as atividades e interditou o alojamento.

A equipe de fiscalização constatou que, apesar da propriedade contar com uma boa estrutura e um grande número de animais, não oferecia condições dignas de trabalho e moradia para os três trabalhadores. Um deles estava na fazenda há mais de cinco anos, enquanto os outros dois haviam começado a trabalhar no local há três meses. Um dos trabalhadores já retornou para sua casa em Serrinha, enquanto os outros dois aguardam o pagamento das pendências por parte do empregador para poderem voltar para Araçás, município também localizado no centro-norte da Bahia.

Os auditores-fiscais do Trabalho informaram que o empregador não compareceu à Gerência Regional do Trabalho de Feira de Santana na manhã da última segunda-feira (24/02), nem enviou representantes para tratar dos cálculos das rescisões contratuais. Na ocasião, também seria discutida a possibilidade de um acordo para indenizar as vítimas. As guias para o requerimento do seguro-desemprego serão entregues a cada um dos três trabalhadores resgatados. Eles receberão três parcelas do seguro-desemprego especial, além das verbas rescisórias.

O Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública da União irão encaminhar uma proposta de termo de ajuste de conduta, que inclui a indenização por danos morais aos trabalhadores, estabelecendo um prazo para negociação. Caso não haja acordo, será ajuizada uma ação civil pública.

DenúnciasDenúncias podem ser realizadas de forma anônima por meio do Sistema Ipê

Dados sobre ações de combate ao Trabalho Análogo à EscravidãoInformações oficiais sobre as ações de combate ao trabalho análogo à escravidão no Brasil estão disponíveis no Painel de Informações e Estatísticas da Inspeção do Trabalho.

 

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego