Armazenagem: o desafio estrutural que pode frear o crescimento do agronegócio brasileiro

O agronegócio brasileiro segue em constante expansão, com a safra de grãos 2024/2025 estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 330,3 milhões de toneladas — o maior volume já registrado na série histórica. O aumento previsto é de 32,6 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior (2023/2024), segundo análise do médico veterinário e presidente da Abramilho, Paulo Antonio Pusch Bertolini.

Déficit alarmante na capacidade de armazenagem

Apesar do crescimento na produção, o país enfrenta um problema estrutural grave: a capacidade atual de armazenagem é de apenas 210 milhões de toneladas, gerando um déficit de cerca de 120 milhões de toneladas. Esse gargalo compromete não apenas o potencial produtivo do Brasil, mas também a segurança alimentar e econômica nacional.

Necessidade de investimentos e desafios no acesso ao crédito

Para conter o déficit, o Brasil precisaria investir aproximadamente R$ 15 bilhões por ano em novas estruturas de armazenagem. Porém, os recursos disponíveis estão muito aquém dessa necessidade. O Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) busca mitigar essa situação, oferecendo linhas de crédito como o “PCA Grãos”, com juros de 7% ao ano e prazos estendidos para construções de até 6.000 toneladas. No entanto, a burocracia e a escassez de recursos dificultam o acesso, especialmente para pequenos e médios produtores.

Custos elevados e má distribuição das estruturas

O custo médio para implantação de armazenagem é alto, cerca de R$ 1.500 por tonelada, considerando equipamentos, montagem, energia e obras civis. Além disso, a maior parte das estruturas está localizada em áreas urbanas, complexos industriais e portos (85%), enquanto apenas 15% dos silos ficam dentro das fazendas, onde poderiam atuar de forma mais eficiente. Essa má distribuição eleva custos logísticos, aumenta perdas e pressiona produtores a venderem rapidamente a safra, muitas vezes com preços desfavoráveis.

Comparação internacional revela oportunidades de melhoria

Países como os Estados Unidos apresentam capacidade de armazenagem que supera a produção anual, com mais da metade dos silos localizados nas próprias propriedades rurais. Esse modelo promove maior controle e eficiência para o produtor e fortalece toda a cadeia produtiva, um exemplo que o Brasil ainda precisa seguir para avançar.

Prioridade nacional: expansão e modernização da armazenagem rural

Especialistas alertam que superar o gargalo da armazenagem é essencial para o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro. A expansão da capacidade, principalmente nas propriedades rurais, deve ser prioridade, com maior investimento em programas como o PCA, simplificação do acesso ao crédito e incentivos para parcerias público-privadas.

Um desafio para garantir o futuro do agro

Manter o cenário atual é aceitar ineficiência, perdas e vulnerabilidades que ameaçam a segurança alimentar e a economia do país. Investir na armazenagem é investir no pleno potencial do agronegócio brasileiro, garantindo uma cadeia produtiva mais eficiente, competitiva e sustentável.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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