Brasil se torna referência internacional no tratamento de brucelose humana com a publicação de diretrizes clínicas

Ao estabelecer diretrizes clínicas nacionais para o diagnóstico e o tratamento da brucelose humana, o Brasil se torna uma das principais referências mundiais no combate à doença, que impacta a saúde pública sobretudo em áreas rurais.  Com a publicação do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) nesta segunda-feira (26) pelo Ministério da Saúde, os profissionais de saúde de todo o país passam a contar com uma diretriz oficial para conduzir e qualificar o cuidado, desde s suspeita clínica até o tratamento e o monitoramento dos casos. Trata-se de um passo histórico da pasta no enfrentamento dessa doença, considerada um desafio global pela falta de dados e de diretrizes. Para se ter ideia, no âmbito internacional, a última publicação sobre o tema é da Organização Mundial da Saúde (OMS) e se refere ao ano de 2006.

Elaborado com base nas melhores evidências científicas disponíveis, o PCDT da Brucelose Humana traz orientações sobre como identificá-la precocemente, ministrar o tratamento correto e acompanhar pessoas diagnosticadas. Desse modo, o novo protocolo fortalece a resposta do Sistema Único de Saúde (SUS) às doenças infecciosas que ainda desafiam o cotidiano de muitas famílias brasileiras.

O documento também orienta sobre a utilização de antibióticos e o tempo adequado de terapia, minimiza riscos de resistência bacteriana e abarca aspectos fundamentais para o sucesso do tratamento.

PCDT já está disponível

A construção do protocolo foi conduzida pelo Ministério da Saúde com o apoio de especialistas, instituições de pesquisa e representantes da sociedade, respeitando critérios técnicos rigorosos e priorizando a segurança dos pacientes. Após essa etapa, o documento foi submetido à avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e obteve recomendação favorável para a sua publicação. A Portaria SECTICS/MS nº 22/2025, que torna pública a aprovação do PCDT, foi publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial da União.  

Com a disponibilização do PCDT, o Brasil se consolida como referência internacional no enfrentamento da brucelose humana, doença historicamente negligenciada no cenário global, por ser pouco conhecida, de difícil diagnóstico e subnotificada. A iniciativa contribui não apenas para melhorar o cuidado em saúde, mas também para ampliar a vigilância, reduzir a subnotificação de casos e proteger populações vulneráveis — especialmente trabalhadores do campo, agricultores, profissionais de frigoríficos e veterinários.

O novo protocolo já está disponível no portal do Ministério da Saúde e pode ser acessado por gestores, profissionais da saúde e qualquer cidadão interessado.

Sobre a Brucelose humana

A brucelose humana é uma zoonose causada por bactérias do gênero Brucella, que podem ser transmitidas ao ser humano principalmente por meio do contato com animais infectados ou pelo consumo de produtos de origem animal não pasteurizados. Os sintomas, que incluem febre prolongada, fadiga intensa, dores articulares e suores noturnos, muitas vezes se confundem com os de outras doenças, o que dificulta o diagnóstico e retarda o início do tratamento.

Devido às múltiplas rotas de infecção da bactéria, sendo os mamíferos os principais hospedeiros naturais, a brucelose representa um desafio complexo de controle e uma séria ameaça à saúde pública, à qualidade de vida e à sobrevivência tanto de humanos quanto de animais.

Oferta de cuidado no SUS

Entre 2024 e março de 2025, o SUS ofertou 118 atendimentos relacionados à brucelose humana no país, sendo 80 ambulatoriais e 38 hospitalares. Vale destacar que, no âmbito nacional, a doença não é de notificação compulsória.

Na rede pública, o início do tratamento acontece na Atenção Primária à Saúde (APS). A equipe multidisciplinar realiza a identificação precoce de casos da doença, notifica e realiza o manejo clínico com o usuário e sua família, incluindo a solicitação de exames laboratoriais pertinentes e a administração do tratamento conforme o quadro clínico apresentado.

Além disso, os profissionais da APS atuam na vigilância ativa, orientando sobre as medidas de prevenção, como o consumo seguro de alimentos e o uso adequado dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), integrando ações com a vigilância em saúde, fortalecendo o cuidado integral e a articulação intersetorial necessária para o controle da doença.

Ministério da Saúde

Fonte: Ministério da Saúde

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