Com suspensão de subsídios, gestora prevê R$ 7 bilhões em crédito privado para o agro em 2025

A decisão do governo federal de suspender os subsídios nas linhas de crédito rural surpreendeu o setor agropecuário. O anúncio foi feito no dia 20 e já está em vigor, sem previsão de retorno. A medida afeta diretamente os produtores que dependiam do financiamento com taxas de juros reduzidas, que agora precisarão recorrer ao mercado privado, onde os custos são mais elevados.
Plano Safra de 2024 destinou R$ 400 bilhões ao setor
O crédito subsidiado vinha sendo viabilizado pelo Plano Safra, principal ferramenta de financiamento do agro. Em 2024, o plano destinou R$ 400 bilhões ao setor — um aumento de 10% em relação à safra anterior. Esse modelo funcionava com o Tesouro Nacional cobrindo parte dos juros, o que facilitava o acesso ao crédito com taxas mais baixas para os produtores.
Contudo, com o cenário de juros elevados, os custos desses subsídios cresceram de forma significativa para o governo, motivando a suspensão da política.
Modernização do crédito rural e adaptação do setor
Apesar do impacto imediato, Volnei Eyng, CEO da Multiplike, enxerga a mudança como uma oportunidade de modernização. Para ele, a medida impulsiona a economia para um modelo de livre mercado, forçando o sistema financeiro a se sofisticar e oferecer soluções mais competitivas para o agronegócio.
“Isso força a indústria financeira a evoluir e atender melhor o setor ao longo do tempo”, avalia Eyng.
Impacto positivo no ajuste fiscal e na competitividade
Eyng também destaca que a decisão contribui para o equilíbrio fiscal do país, ao reduzir os gastos públicos. Segundo ele, os pequenos produtores continuam atendidos pelo Pronaf, enquanto os médios e grandes, que atuam com commodities como soja e milho, precisarão se adaptar à nova realidade.
“Eles não são apenas agricultores, são empresários rurais. E empresários de outros setores não contam com subsídios do governo”, ressalta.
No longo prazo, a suspensão dos subsídios pode aumentar a competitividade do agro brasileiro, hoje ainda dependente de incentivos públicos. Eyng compara com a agricultura europeia, que, apesar de fortemente subsidiada, não consegue competir globalmente.
FIDCs ganham espaço como alternativa de financiamento
Com a saída do governo da linha de frente do crédito rural, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) ganham protagonismo como alternativa para financiar o setor. Segundo o CEO da Multiplike, os FIDCs já vêm atuando no financiamento de indústrias de fertilizantes e distribuidoras, oferecendo prazos maiores aos produtores para aquisição de insumos.
Eyng afirma ainda que, com o avanço da regulamentação e da modernização do setor, os FIDCs terão papel central no novo cenário do crédito agrícola.
“A Multiplike planeja disponibilizar R$ 7 bilhões em crédito ao agronegócio ao longo de 2025”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio