Dólar opera estável em meio à revisão do PIB global e indefinição sobre o IOF

O dólar iniciou esta terça-feira (3) em leve alta de 0,05%, cotado a R$ 5,6777 às 9h05. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, ainda não havia começado a operar no mesmo horário — sua abertura ocorre após as 10h.

A movimentação dos mercados está sendo influenciada por dois fatores principais: a revisão para baixo da projeção de crescimento da economia global, feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e o impasse sobre o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) no Brasil.

Revisão do crescimento global pela OCDE

A OCDE reduziu a projeção de crescimento mundial para 2,9% em 2025 e 2026, após estimar uma alta de 3,3% para 2024. A queda nas expectativas se deve às tensões comerciais e à incerteza política causada por declarações do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

A entidade destaca que a desaceleração deve se concentrar especialmente nos Estados Unidos, Canadá e México, enquanto países como a China devem sofrer impactos mais moderados.

Nos EUA, a previsão de crescimento caiu de 2,2% para 1,6% em 2025 e 1,5% em 2026, segundo o novo relatório. O cenário foi agravado por declarações recentes de Trump, que sinalizou a possibilidade de dobrar a tarifa sobre o aço importado de 25% para 50%, além de retomar políticas comerciais protecionistas.

Na última semana, o mercado chegou a reagir positivamente após a suspensão de tarifas pela Justiça americana, mas o alívio durou pouco. Uma nova decisão judicial restabeleceu os tributos no dia seguinte, reacendendo a cautela entre os investidores.

Impasse sobre o IOF no Brasil

O governo brasileiro também está no centro das atenções dos investidores, em razão da indefinição sobre o aumento do IOF. Nesta terça-feira (3), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um pacote de medidas alternativas para compensar a possível revogação do aumento do imposto.

A proposta original, apresentada há duas semanas, previa a elevação do IOF junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento de 2025, com o objetivo de melhorar o equilíbrio fiscal. No entanto, a reação negativa do mercado e a pressão do Congresso levaram o governo a recuar parcialmente da medida.

O Executivo agora negocia com o Congresso um prazo de 10 dias para apresentar alternativas. Uma das possibilidades estudadas é um conjunto de medidas no setor de petróleo e gás natural, que poderia gerar até R$ 35 bilhões em arrecadação até 2026. Apesar disso, Haddad afirmou que essa proposta ainda não está incluída no pacote que será levado a Lula hoje.

Ontem (2), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, voltou a criticar o uso do IOF como instrumento de arrecadação. Em evento com analistas do mercado, Galípolo afirmou:

“Sempre tive a visão de que a gente não deveria usar o IOF nem para questões arrecadatórias nem para apoiar política monetária. Acho que é um imposto regulatório, como está bem definido.”

Indicadores econômicos

Além das incertezas políticas e fiscais, o mercado acompanha hoje a divulgação de dados econômicos relevantes:

  • No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o resultado da produção industrial de abril, que pode influenciar as projeções para o PIB do segundo trimestre.
  • Nos Estados Unidos, os investidores analisam o relatório Jolts, que mostra o número de vagas de emprego abertas no país, importante termômetro da atividade econômica.
Desempenho acumulado do mercado
  • Dólar:
    • Semana: -0,75%
    • Mês: -0,75%
    • Ano: -8,17%
  • Ibovespa:
    • Semana: -0,18%
    • Mês: -0,18%
    • Ano: +13,72%

Com o cenário externo ainda pressionado por tensões comerciais e o ambiente interno em busca de equilíbrio fiscal, o mercado segue operando com cautela enquanto aguarda definições do governo federal e desdobramentos no cenário global.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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