Garantia dos direitos humanos é condição fundamental para o envelhecimento saudável, defende secretário dos Direitos da Pessoa Idosa

O Brasil possui, hoje, quase 33 milhões de pessoas idosas, o que corresponde a 16% da população brasileira. Mas como envelhecer sem qualidade de vida e acesso aos direitos humanos? O questionamento foi o mote principal da palestra “Direitos humanos, envelhecimento e saúde pública” ministrada pelo secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva, durante a mesa de abertura do 3º Saberes Negros em Sankofa, que ocorreu nessa terça-feira (22), na Universidade de Brasília (UNB).

Na ocasião, o secretário citou a qualidade do sono, a alimentação saudável e a prática de atividade física como itens fundamentais da longevidade, assim como acesso a direitos econômicos, à educação, à cultura e ao lazer. “A máquina corporal precisa um pouco de descanso. Não é capricho”, disse. “A rotina de vida está roubando os nossos sonhos porque a gente dorme mal e, consequentemente, vive mal”, ponderou.

Secretário apontou diferenças entre envelhecer no Brasil e em países desenvolvidos (Foto: Israel Oliveira da Silva)
Secretário apontou diferenças entre envelhecer no Brasil e em países desenvolvidos (Foto: Israel Oliveira da Silva)

O secretário apontou diferenças entre envelhecer no Brasil e em países desenvolvidos. Enquanto países ricos alcançaram boas condições e qualidade de vida antes de parcela majoritária da população envelhecer, no Brasil há um elevado índice de pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Em contraste, Alexandre ainda falou sobre a universalidade do Sistema Único de Saúde (SUS), definindo-o como um serviço de “porta aberta”.

“Se você estiver em uma unidade básica de saúde ou num hospital, você entra e é assistido. Talvez, não da forma como nós gostaríamos, mas temos esse direito, diferentemente de outros países”, lembrou.

Diferenças regionais

Um dos fatores a serem superados na elaboração de políticas públicas voltadas às pessoas idosas são as diferenças geográficas. Enquanto no Rio Grande do Sul a parcela da população idosa chega a 20%, em Roraima, apenas 8,9% da população tem mais de 60 anos. O envelhecimento também não é apenas urbano. Ele atinge cada vez mais as populações do campo, da floresta e das águas. “Uma das revoluções que nós temos dessa longevidade se dá pelo aumento de pessoas idosas nas áreas mais afastadas dos grandes centros. E que nem sempre são os melhores lugares para envelhecer”, afirmou.

Interseccionalidade

Enquanto a população não idosa brasileira é formada majoritariamente por pessoas negras – chegando a 56% –, na faixa de 60 anos ou mais esse número cai devido às mortes precoces provocadas pela desigualdade social. O secretário citou como exemplo a questão previdenciária. “Quem contribui mais, morre precocemente. E quem arrecada menos, vive mais tempo usufruindo de uma contribuição de quem já morreu”, apontou.

Não há dados oficiais sobre pessoas idosas LGBTQIA+, o que compromete a elaboração de políticas públicas voltadas exclusivamente a esta parcela da população. O programa Viva Mais Cidadania, da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, pretende dar atenção e suporte a este público, em especial às pessoas trans e travestis acima de 60 anos.

Programação

Ao longo de três dias, a terceira edição do Saberes Negros em Sankofa oferece uma série de atividades que incluem palestras, debates e mesas-redondas. O evento é organizado pelo Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) e tem como tema a Amefricanidade, um conceito elaborado pela antropóloga Lélia Gonzalez.

O encontro continua na quarta-feira (22) com oficina sobre relações étnico-raciais e literatura negra nas redes, às 16h, com a coordenadora da Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo do Ministério da Igualdade Racial, Gabriela Costa. No mesmo dia, às 18h, a diretora substituta de Políticas Públicas de Ações Afirmativas do Ministério da igualdade Racial, Vanessa Machado, apresenta palestra sobre Ações afirmativas e desigualdades raciais e de gênero.

Na quinta-feira (23), às 18h, a historiadora e psicanalista Mariléa de Almeida falará sobre Psicanálise, antirracismo e saúde mental.

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Texto: D.V.

Edição: F.T.

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Fonte: Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania