Indústria de máquinas e equipamentos cresce em abril, mas enfrenta desafios para o segundo semestre

A indústria brasileira de máquinas e equipamentos apresentou desempenho positivo em abril de 2025, revertendo a queda registrada no mês anterior. Segundo dados da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), tanto as vendas no mercado interno quanto as exportações contribuíram para o avanço no período. No entanto, as perspectivas para o restante do ano são mais desafiadoras, com previsão de desaceleração devido a fatores internos e externos.

Receita líquida em alta

A receita líquida total do setor atingiu quase R$ 25 bilhões em abril, o que representa alta de 9% em relação ao mesmo mês de 2024 e avanço de 4,8% frente a março, já considerando os ajustes sazonais. No acumulado do ano (janeiro a abril), o crescimento foi de 13,4% na comparação com igual período do ano passado, impulsionado por uma base fraca de comparação e pela resiliência de segmentos menos sensíveis ao aperto monetário.

Mercado interno lidera crescimento

No mercado doméstico, o setor movimentou R$ 18,6 bilhões em abril, crescimento de 14,7% sobre o mesmo mês do ano anterior e de 6,8% frente a março. No quadrimestre, o avanço foi de 17,1%. A expansão reflete uma demanda aquecida nos segmentos ligados à construção, infraestrutura e agricultura.

Exportações ainda em queda no acumulado

As exportações somaram US$ 1,04 bilhão em abril, crescimento de 1,1% em relação a março. Contudo, ainda apresentaram queda de 12,9% na comparação com abril de 2024. No acumulado do ano, o recuo foi de 7,8%.

Apesar da retração anual, cinco dos sete grupos setoriais registraram melhora em abril. Destacaram-se os fabricantes de máquinas para logística, construção civil, bens de consumo (alimentos, bebidas, madeira e ginástica) e agrícolas.

Entre os destinos, a América do Sul teve alta de 10,7%, com destaque para a Argentina (+48,8%). A China dobrou suas compras (+107,5%) e passou a ocupar a oitava posição entre os principais destinos. Já os Estados Unidos, mesmo com aumento de 41,6% nas compras em abril, ainda acumulam queda de 22,4% no ano.

Importações em ritmo acelerado

As importações de máquinas e equipamentos cresceram 11,8% no acumulado de janeiro a abril, totalizando US$ 10,4 bilhões — o maior valor histórico para o período. Em abril, o volume recuou 1,5% frente a março, mas teve alta de 8,5% ante abril de 2024.

A desvalorização do real frente ao dólar (16,7%) foi parcialmente compensada pela queda nos preços médios das máquinas importadas (-6,8%), o que impulsionou o volume de entrada de equipamentos no país (+19,6%).

A participação da China nas importações subiu para 33%, ultrapassando com folga os Estados Unidos e a Alemanha e consolidando o país asiático como principal fornecedor de máquinas para o Brasil.

Consumo aparente em alta, mas com maior peso de importados

O consumo aparente de máquinas e equipamentos — que considera a produção nacional somada às importações e subtraídas as exportações — teve crescimento de 10% em abril (ajustado), 16,3% frente ao mesmo mês de 2024 e 21,6% no acumulado do ano. No entanto, 48% do consumo interno foi atendido por importações, contra 46% no mesmo período do ano passado, evidenciando a perda de competitividade da indústria nacional.

Capacidade instalada e carteira de pedidos

A taxa de utilização da capacidade instalada da indústria de máquinas ficou em 77,6% em abril, 5,1 pontos percentuais acima do registrado no mesmo mês de 2024. A média do ano também foi superior (77%) à de 2024 (73%).

A carteira de pedidos cresceu 3,9% em abril, com destaque para os setores de máquinas agrícolas (+14,1%) e componentes (+6,3%). Apesar da alta no mês, o volume ainda é 1,5% inferior ao registrado em 2024.

Emprego segue em expansão

O setor empregava 422 mil pessoas em abril de 2025, alta de 2,5% frente a março e de 8,6% na comparação anual — o nono aumento consecutivo nessa base. Os segmentos que mais contribuíram para a expansão do emprego foram máquinas agrícolas (+7,5%), construção civil (+7,9%) e bens de consumo (+10,2%).

Máquinas agrícolas: desempenho misto

A receita líquida total do segmento de máquinas e implementos agrícolas somou R$ 5,29 bilhões em abril, recuo de 4,4% frente a março. No entanto, na comparação anual, houve avanço de 11,7%. No acumulado do ano, o crescimento é de 20,6%.

As exportações do setor somaram US$ 135 milhões em abril, com alta de 3,1% sobre março e de 17,1% frente a abril de 2024. No ano, o crescimento é de 4,2%. Já as importações aumentaram 11,9% no mês, mas acumulam queda de 19,3% no ano.

Tratores e colheitadeiras

A venda interna de tratores e colheitadeiras ficou praticamente estável em abril (+0,1% em relação a abril de 2024), mas cresceu 11,9% no acumulado do ano. As exportações, por outro lado, recuaram 32,9% no mês e 23,6% no acumulado.

Na separação por produto, as vendas internas de colheitadeiras mantiveram o mesmo nível de abril de 2024 (92 unidades), mas recuaram 13,5% no acumulado do ano. Já os tratores tiveram leve alta de 0,1% em abril e crescimento de 14% de janeiro a abril.

Perspectivas para o segundo semestre

Apesar do bom desempenho no primeiro semestre, o setor deve enfrentar desaceleração na segunda metade do ano. Entre os fatores que devem influenciar esse cenário estão:

  • Base de comparação elevada, uma vez que o segundo semestre de 2024 marcou o início da retomada nas receitas.
  • Política monetária restritiva, com juros elevados e crédito limitado para investimentos.
  • Incertezas no cenário global, incluindo tensões geopolíticas e desaceleração em economias desenvolvidas, que impactam as exportações.

A ABIMAQ projeta um crescimento de 3,7% na receita líquida de vendas em 2025, ritmo mais moderado, mas ainda compatível com uma trajetória de recuperação da indústria nacional.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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