Irrigação aumenta rentabilidade do produtor de cana com créditos de descarbonização

Com a publicação do Decreto nº 12.437/25 no Diário Oficial da União, produtores de cana-de-açúcar têm direito a receber uma parcela das receitas geradas pela venda dos Créditos de Descarbonização (CBIOs) pelas usinas e importadoras de combustíveis. A regra garante, no mínimo, 60% desses valores aos produtores, podendo chegar a até 85% caso forneçam os dados necessários para o cálculo da Nota de Eficiência Energético-Ambiental (NEEA), já com os custos de emissão descontados, conforme informou a Agência Senado.
Irrigação por gotejamento reduz emissões e aumenta a eficiência
Segundo Daniel Pedroso, especialista agronômico da Netafim, o decreto é um marco para o setor ao reconhecer o papel dos produtores na redução das emissões de carbono. Ele destaca que a irrigação, especialmente por gotejamento, tem um impacto significativo nesse processo.
Um estudo realizado pela Netafim em parceria com a Fundação ECO+ e o PECEGE revelou que a irrigação por gotejamento pode reduzir em até 52% as emissões de CO2 na produção de cana. Enquanto a produção em sequeiro gera 0,161 kg de CO2 por quilo de cana, nas áreas irrigadas essa emissão cai para 0,077 kg.
Nota de Eficiência Energético-Ambiental (NEEA) reforça sustentabilidade
Ao inserir esses dados na plataforma RenovaCalc, a NEEA do etanol produzido com cana irrigada atingiu 61,48 para etanol anidro e 61,13 para etanol hidratado, refletindo uma redução de até 70% nas emissões. Já a produção em sequeiro registrou NEEA de 35,28 e 34,93, respectivamente.
Rentabilidade: irrigação pode aumentar receita em até 78%
Na prática, um produtor com 500 hectares irrigados pode alcançar uma receita de até R$ 1,6 milhão com a comercialização dos CBIOs, considerando o crédito cotado a R$ 70, conforme explica Daniel Pedroso. Para a mesma área cultivada em sequeiro, a receita seria de cerca de R$ 900 mil.
Além de garantir maior segurança produtiva, a irrigação alia rentabilidade e sustentabilidade, contribuindo para os compromissos ambientais do Brasil.
Simulação de receita com base nos dados
“Com esses dados, é possível simular a rentabilidade do produtor. Considerando 500 hectares irrigados por gotejamento e a participação de 60% nas receitas dos CBIOs, com o crédito comercializado na B3 a R$ 70 por CBIO, a receita pode chegar a cerca de R$ 1,6 milhão. Para a mesma área em sequeiro, o valor ficaria próximo de R$ 900 mil”, conclui Pedroso.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio