O mercado brasileiro de trigo apresentou uma mudança de comportamento após forte queda nos preços no começo de maio. Essa baixa foi influenciada pela desvalorização do dólar e pela queda das cotações internacionais, principalmente nas bolsas de Chicago e da Argentina, que reduziram o custo de importação.

De acordo com Elcio Bento, analista e consultor da Safras & Mercado, a menor demanda por soja e milho fez com que muitos produtores antecipassem a venda do trigo, aumentando a oferta em um momento já pressionado e intensificando a queda dos preços na primeira quinzena do mês.

Estabilização dos preços no final de maio

Na segunda metade de maio, a pressão de baixa diminuiu. Os produtores passaram a resistir a vender por valores menores, aguardando melhores oportunidades, já que ainda falta tempo até a próxima safra. Segundo Bento, o mercado comprador mantém cautela, esperando que a pressão externa continue. Com isso, apesar da queda em relação a abril, os preços do trigo mostraram sinais claros de estabilização no fim do mês.

Expansão do plantio no Rio Grande do Sul

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) ampliou, a partir de 21 de maio, as áreas recomendadas para o plantio do trigo no Rio Grande do Sul. Isso acelerou o início das atividades e aumentou o número de propriedades envolvidas, conforme o relatório semanal da Emater-RS divulgado em 29 de maio.

No entanto, as chuvas desde o dia 24 de maio interromperam temporariamente o plantio, que será retomado quando a umidade do solo permitir. Ainda há dúvidas sobre a área total a ser cultivada, influenciadas pela frustração na última safra de soja, dificuldades financeiras dos produtores, altos custos de financiamento e seguro agrícola.

Segundo dados do IBGE, na safra de 2024 o RS cultivou 1.331.013 hectares, com produtividade média de 2.781 kg/ha. A Emater-RS está realizando o levantamento da intenção de plantio para 2025, com resultados previstos para as próximas semanas.

Situação do plantio na Argentina

Na Argentina, o plantio de trigo atingiu 10,5% da área estimada para a safra 2025/26, que deve cobrir cerca de 6,7 milhões de hectares, segundo a Bolsa de Buenos Aires.

Os trabalhos se concentraram principalmente no norte e centro-oeste do país, especialmente no centro-norte de Córdoba, onde o avanço supera em mais de 10 pontos percentuais a média dos últimos cinco anos e o ciclo anterior.

Por outro lado, a continuidade das chuvas tem atrasado o plantio em outras regiões, como Núcleo Sul, Centro de Buenos Aires e Cuenca del Salado. Caso as condições climáticas persistam, há risco de prejuízo nos planos de semeadura nessas áreas.

Fonte: Portal do Agronegócio