Mercado de milho recua em meio ao avanço da safrinha e incertezas climáticas

O mercado de milho no Brasil segue pressionado por fatores climáticos e pela chegada da colheita da segunda safra. Em diversas regiões produtoras, a liquidez permanece baixa e os preços registram oscilações. Paralelamente, os contratos futuros recuaram na B3 e na Bolsa de Chicago, refletindo a expectativa de uma ampla oferta nos próximos meses.
Regiões produtoras enfrentam ritmo lento nas negociações
Rio Grande do Sul:
A baixa oferta e o avanço da gripe aviária mantêm os agentes cautelosos. Com boa capacidade financeira, muitos produtores seguem retendo o grão, o que afeta o abastecimento das fábricas de ração. As compras, por ora, miram apenas volumes adicionais para garantir o consumo até a chegada da safrinha em julho. As cotações permanecem firmes, sem espaço para descontos:
- Santa Rosa e Ijuí: R$ 66,00
- Marau e Gaurama: R$ 68,00
- Lajeado e Montenegro: até R$ 69,00
Santa Catarina:
O estado comemora uma safra histórica, com previsão de colheita de 2,4 milhões de toneladas e produtividade recorde de 9.717 kg/ha. No entanto, o mercado segue travado devido à diferença entre pedidos e ofertas. Enquanto produtores pedem até R$ 85,00 em Campos Novos, as ofertas CIF não passam de R$ 80,00. A média estadual caiu para R$ 72,00, com expectativa de melhora na fluidez à medida que a colheita avança.
Paraná:
Com apenas 1% da área colhida até o fim de maio, segundo o Deral, o mercado paranaense também opera lentamente. A demanda está fraca e os preços recuaram em algumas regiões:
- Oeste: R$ 59,36
- Região Metropolitana de Curitiba: até R$ 61,46
O clima preocupa, com previsão de geadas e alta incidência de cigarrinhas, o que eleva os riscos à produtividade.
Mato Grosso do Sul:
O cenário é semelhante: pouca liquidez, clima adverso e preços variando entre R$ 56,50 em Chapadão do Sul e R$ 61,00 em Sidrolândia. A Aprosoja/MS alerta que 18,5% das lavouras apresentam condições ruins, afetadas pela seca e pela possibilidade de geadas entre os dias 27 de maio e 5 de junho.
B3 e Chicago registram quedas nos contratos futuros
Na B3, os contratos futuros do milho recuaram após duas sessões de alta. A incerteza sobre o destino da produção da safrinha – se para exportação ou mercado interno – tem influenciado as negociações. Outro ponto de atenção é o descompasso entre os preços físicos e futuros. Enquanto o índice Cepea acumula queda de 13,37% no mês, os contratos na B3 recuaram 5,41% no mesmo período.
Fechamentos da B3 – 28 de maio:
- Julho/24: R$ 63,65 (queda de R$ 0,82 no dia e na semana)
- Setembro/24: R$ 64,60 (queda de R$ 1,20 no dia e R$ 1,54 na semana)
- Setembro/25: R$ 68,29 (queda de R$ 0,88 no dia e R$ 0,86 na semana)
Bolsa de Chicago:
Os contratos também encerraram o dia em queda, pressionados pelo avanço rápido do plantio nos EUA, que já atinge 87% da área, superando a média histórica e o ritmo do ano anterior. Apesar de o USDA ter divulgado avaliações de qualidade abaixo do esperado, o mercado reagiu às previsões de chuvas no Meio-Oeste, que devem aliviar o estresse das lavouras.
Fechamentos em Chicago:
- Julho/24: queda de 1,85%, a US$ 4,51 por bushel
- Setembro/24: queda de 0,92%, a US$ 4,29 por bushel
Perspectivas
A expectativa geral é que a colheita da safrinha ajude a destravar o mercado, mas as condições climáticas continuarão sendo o principal fator de atenção nos próximos movimentos. O cenário ainda é de cautela, tanto no campo quanto nas bolsas.
Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio