Mercado do açúcar é impactado por incertezas macroeconômicas e clima irregular no Brasil e na Ásia, aponta Itaú BBA

O relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, traz uma análise aprofundada sobre os principais fatores que influenciaram o mercado do açúcar nos últimos meses. O documento destaca a influência do cenário macroeconômico, o início da safra no Centro-Sul do Brasil, o atraso nas vendas da Tailândia e as perspectivas de produção para a Ásia e a Europa.

Incertezas econômicas afetam os preços do açúcar

O relatório indica que a recente oscilação dos preços do açúcar está fortemente ligada ao ambiente macroeconômico global, especialmente à variação do petróleo, com o qual o contrato NY Nº11 tem alta correlação.

Em abril, o petróleo WTI caiu 19%, enquanto o açúcar bruto recuou 7%.

Nos primeiros 15 dias de maio, o petróleo subiu 8%, e o açúcar recuperou 3%.

Safra começa devagar no Centro-Sul do Brasil

As chuvas acima da média histórica atrasaram o início da moagem de cana no Centro-Sul do Brasil.

Em abril de 2025, foram moídas 34,2 milhões de toneladas de cana, contra 51,1 milhões no mesmo mês de 2024.

A produção de açúcar no mês foi de 1,58 milhão de toneladas — 38% abaixo do mesmo período da safra passada.

Embora o atraso não preocupe isoladamente, já que há tempo para compensação, relatos de baixa produtividade em alguns talhões — principalmente em São Paulo — acendem um sinal de alerta.

Estimativas para a safra 2025/26 seguem mantidas

Mesmo com o início mais lento, o Itaú BBA manteve suas projeções para a safra 2025/26:

  • Moagem prevista: 590 milhões de toneladas, 5% abaixo da safra anterior.
  • ATR médio: 141,0 kg/tonelada de cana (contra 141,2 kg na safra 24/25).
  • Mix de açúcar: 52,0% (acima dos 48,1% da safra anterior).
  • Produção de açúcar: estimada em 41,2 milhões de toneladas, crescimento de 2,7%.
Tailândia atrasa comercialização e pressiona mercado global

Apesar da colheita já ter terminado, as usinas tailandesas enfrentam atraso significativo nas vendas.

Não há dados oficiais, mas rumores apontam que menos da metade da safra foi comercializada.

Esse fator continua afetando negativamente o mercado internacional.

Produção asiática deve crescer na safra 2025/26

O Itaú BBA estima que, após um déficit global de 4,9 milhões de toneladas na safra 2024/25, a temporada 2025/26 deverá registrar um superávit de 2,6 milhões de toneladas.

  • Índia: produção pode crescer 18%, com monções antecipadas e chuvas acima da média.
  • Paquistão: aumento de 12% na produção.
  • Tailândia e China: projeções de alta de 8% e 4%, respectivamente.

No caso tailandês, a área plantada segue em crescimento, mas chuvas desfavoráveis podem revisar as expectativas.

Europa deve reduzir produção de açúcar

Entre os principais produtores globais, apenas a União Europeia apresenta expectativa de recuo.

A produção combinada da UE27 e do Reino Unido deve cair 4% na safra 2025/26.

A razão está na menor área de plantio de beterraba sacarina e nas condições climáticas secas e quentes, que oferecem risco à produtividade.

Previsão regional no Brasil indica cenário misto

Apesar da estimativa de moagem 5% menor para o Centro-Sul brasileiro, há variação entre regiões:

  • Oeste e noroeste de São Paulo: devem ter quedas mais acentuadas.
  • Paraná e Mato Grosso do Sul: podem apresentar produtividades maiores do que na safra anterior.

Segundo o Itaú BBA, o mercado ainda depende de novas informações para avaliar se as quedas poderão ser mais expressivas em todo o Centro-Sul.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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