Mercado do trigo enfrenta pressão internacional e aposta em semeadura antecipada para aumento da produção em Santa Catarina

O mercado do trigo segue pressionado, com fatores tanto de alta quanto de baixa influenciando os preços globais. Segundo a consultoria TF Agroeconômica, no Brasil, os preços do trigo da safra velha começam a reagir de forma moderada no Paraná e no Rio Grande do Sul, com expectativa de alta até agosto e outubro, respectivamente. A escassez da matéria-prima nacional e a necessidade crescente de importações sustentam essa tendência.
A perspectiva para a nova safra também indica possibilidade de preços maiores, já que a redução significativa da área plantada pode favorecer os produtores que decidirem investir. A recomendação dos especialistas é que os agricultores estejam atentos ao mercado para aproveitar essa valorização.
Fatores que impulsionam a alta no mercado internacional
Entre os principais motivos para a alta dos preços estão as chuvas excessivas nos Estados Unidos, que atrasam a colheita do trigo de inverno e prejudicam a qualidade das lavouras. Além disso, a movimentação de grandes fundos de investimento tem ajudado a impulsionar os valores.
Países produtores importantes, como Ucrânia e Austrália, estimam safras menores para 2025/2026, o que também impacta o mercado. O Egito, maior importador mundial de trigo, busca diversificar seus fornecedores, afastando-se de regiões em conflito como Ucrânia e Rússia, o que pode mudar a dinâmica do comércio global.
Pressões de baixa trazem cautela ao mercado
Por outro lado, fatores que geram cautela permanecem no radar. Nos EUA, as condições do trigo de primavera melhoraram, com redução significativa da área afetada pela seca. A Romênia projeta uma colheita recorde entre 13 e 15 milhões de toneladas, beneficiada pelas chuvas abundantes na primavera. Essa maior oferta da região do Mar Negro pode exercer pressão sobre os preços globais, equilibrando parte das perdas registradas em outras regiões produtoras.
Demanda interna brasileira ainda fraca
No Brasil, a demanda por trigo permanece enfraquecida devido às margens apertadas dos moinhos, que reduziram a moagem e ocasionaram acúmulo de estoques, pressionando os preços especialmente no Rio Grande do Sul. Ainda assim, a previsão de safra nova reduzida pode abrir melhores oportunidades de comercialização para os produtores que permanecerem ativos no mercado.
Antecipação da semeadura do trigo pode aumentar produtividade no Oeste Catarinense
Para ampliar a produção de trigo no Oeste Catarinense, a Epagri recomenda a antecipação do plantio. Pesquisa realizada em Chapecó (SC) indica que plantar entre 11 de maio e 17 de junho permite colher mais cedo, evitando a sobreposição com o plantio da soja, cultura que ocorre em sequência.
Segundo o pesquisador Sydney Kavalco, essa mudança aumenta a eficiência da produção agrícola, incentiva o uso das terras no período de inverno em vez de deixá-las em pousio, e pode elevar a produtividade do trigo, aproveitando condições climáticas mais favoráveis e reduzindo riscos de geadas.
Cultivares recomendados e resultados dos ensaios
Nos ensaios realizados entre 2018 e 2023, cultivares como TBIO Ponteiro, TBIO Motriz e BRS 374 se destacaram quando plantados dentro do período recomendado, apresentando alta produtividade e boa adaptação ao clima regional. A produção pode superar 4 toneladas por hectare, com maturação fisiológica e colheita garantidas até o final de outubro.
Sustentabilidade e suporte técnico
A orientação da Epagri é compatível com o seguro agrícola e o zoneamento oficial do Ministério da Agricultura, além de contribuir para a sustentabilidade da produção, melhorando a qualidade do solo e promovendo a rotação de culturas. As recomendações estão detalhadas no Boletim Técnico nº 224 da Epagri.
Expansão do cultivo de trigo em Santa Catarina
Embora Santa Catarina represente apenas 4% da produção nacional de trigo, o Estado tem potencial para expandir sua participação. A área cultivada mais que dobrou nos últimos anos, passando de 58 mil hectares em 2020/21 para 123 mil hectares na safra 2024/25. O aumento se deve a melhores práticas de semeadura e cultivares mais adequados, além do apoio das políticas públicas estaduais.
Programa Terra Boa incentiva cultivo de cereais de inverno
O Governo de Santa Catarina executa o Projeto Cultivo de Cereais de Inverno, parte do Programa Terra Boa, com objetivo de reduzir o déficit de milho para ração animal. A iniciativa, em operação desde abril de 2025, oferece subvenção financeira aos agricultores que firmarem contratos para cultivo e entrega da produção destinada à fabricação de ração.
Este ano, o investimento previsto é de cerca de R$ 4,1 milhões, com meta de alcançar até 10 mil hectares cultivados, um crescimento de 6,1% no valor por hectare apoiado.
O mercado do trigo permanece pressionado por fatores climáticos, econômicos e políticos internacionais, enquanto produtores brasileiros enfrentam desafios de demanda e estoques elevados. No Oeste Catarinense, a antecipação da semeadura surge como estratégia para aumentar produtividade e eficiência, apoiada por pesquisas e políticas públicas que estimulam a expansão sustentável da cultura.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio