Novo mapa nacional revela áreas com maior potencial agrícola no Brasil

O novo Mapa de Aptidão Agrícola das Terras do Brasil foi atualizado e já está disponível ao público. Produzido por pesquisadores da Embrapa Solos (RJ) e do IBGE, com apoio financeiro do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o material classifica o potencial agrícola de todo o território nacional com base em três níveis de manejo e diversos tipos de uso da terra.
A cartografia é gratuita e pode ser acessada nas plataformas GeoInfo da Embrapa e no Portal de Dados do PronaSolos. A iniciativa serve como importante ferramenta de apoio a políticas públicas voltadas ao uso sustentável da terra e ao planejamento regional agrícola.
Três níveis de manejo agrícola e diferentes usos da terra
O mapa indica o potencial das terras para produção agrícola, considerando três níveis de manejo:
- Nível A: técnicas simples e rudimentares;
- Nível B: uso de tecnologia intermediária, voltado a produtores com média capacidade de investimento;
- Nível C: agricultura moderna, altamente tecnificada.
A classificação considera a aptidão para lavouras, pastagens plantadas e nativas, além da silvicultura (exploração florestal). Para cada tipo de solo e relevo, são avaliados fatores limitantes como:
- Deficiência de fertilidade;
- Deficiência de água;
- Excesso de água (deficiência de oxigênio);
- Suscetibilidade à erosão;
- Dificuldades à mecanização;
- E, para silvicultura, obstáculos ao enraizamento.
Esses fatores recebem diferentes graus de limitação (de nulo a extremamente forte) e ajudam a definir o tipo de uso mais apropriado para cada área.
Uso da terra para diferentes perfis de produtores
Segundo o pesquisador da Embrapa, Amaury de Carvalho Filho, o novo mapa permite visualizar o potencial agrícola das terras para diferentes perfis de produtores: desde pequenos agricultores com poucos recursos até grandes empreendimentos de alta tecnologia.
Ele exemplifica que áreas com solos e relevo desfavoráveis à mecanização podem ser inadequadas para grandes lavouras tecnificadas, mas ainda assim viáveis para a agricultura familiar, com boas margens de rentabilidade usando técnicas simples.
Classificação das terras por potencial agrícola
O estudo classifica as terras de acordo com a aptidão agrícola nos três níveis de manejo:
- Boa, regular ou restrita para lavouras;
- Aptidão para pastagens plantadas, pastagens nativas ou silvicultura, quando as condições não favorecem lavouras;
- Inaptas, em casos onde não há viabilidade econômica ou ambiental, devendo ser destinadas à preservação ou outros usos não agrícolas.
Como o mapa foi construído
A base de dados utilizada inclui:
- Mapa de Solos do Brasil (escala 1:250.000), lançado pelo IBGE em 2018;
- Mapa de Áreas Não Desmatadas da Amazônia Legal, do Projeto Prodes (2007);
- Mapa de Unidades de Conservação e Terras Indígenas, publicado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2020.
O método aplicado segue o Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras, desenvolvido pela Embrapa. A análise cruza dados como tipo de solo, textura, relevo, erosão, rochosidade e saturação por bases, permitindo representar as potencialidades agrícolas em uma escala regional.
Áreas protegidas foram excluídas da análise
Importante destacar que áreas protegidas, como unidades de conservação e terras indígenas, foram excluídas da avaliação. Na Amazônia, apenas áreas já desmatadas foram consideradas no estudo, com o objetivo de orientar o uso sustentável das terras que já estão inseridas na produção agropecuária.
Aplicação regional e apoio a políticas públicas
Por estar na escala 1:500.000, o mapa tem uso recomendado para planejamentos regionais, como:
- Definição de políticas agrícolas estaduais e nacionais;
- Planejamento de infraestrutura (como estradas e logística de escoamento);
- Direcionamento de incentivos e estratégias de conservação;
- Zoneamentos agroecológicos e climáticos.
O pesquisador da Embrapa, José Francisco Lumbreras, destaca que, apesar da escala ampla, o material pode apoiar cooperativas, associações de produtores e grandes proprietários rurais na tomada de decisões estratégicas.
Programas nacionais como o PronaSolos e o Zoneamento de Risco Climático (Zarc) devem se beneficiar diretamente das informações.
Ferramenta estratégica para o desenvolvimento sustentável
Com essa nova versão, o Brasil passa a contar com uma ferramenta estratégica e atualizada para promover o uso mais eficiente, seguro e sustentável de suas terras agrícolas. O mapeamento representa um importante passo rumo à ampliação da produção agropecuária com responsabilidade ambiental e social.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio