Queda no custo melhora margem da avicultura em maio, mas gripe aviária ameaça exportações em junho

O relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, destaca que maio foi marcado por uma melhora no spread da avicultura, impulsionada pela queda dos custos de produção, especialmente do milho. Apesar da notificação de gripe aviária na terceira semana do mês, que deve impactar os números apenas em junho, o cenário em maio foi favorável para o setor.
Exportações e preços mantêm estabilidade
Até abril, a exportação de carne de frango cresceu 9,5% no acumulado do ano, ajudando a sustentar os preços. Em São Paulo, o preço médio do frango inteiro e congelado até o dia 21 de maio foi de R$ 8,67/kg, estável em relação a abril. Na última semana de maio, já após a notificação da gripe aviária no Rio Grande do Sul, os preços tiveram uma queda de 1,3%, considerada uma variação normal e não necessariamente ligada ao surto recente.
Margens melhoram com queda no custo do milho
O custo de produção do frango caiu cerca de 3,6% em maio (até o dia 21), em razão do recuo nos preços do milho no mercado spot, reflexo da expectativa de uma safra de milho safrinha robusta. Com os preços da ave estáveis, o indicador de margem (spread) subiu para 45%, acima dos 38% registrados em maio de 2024 e da média histórica de 35%.
Frango segue competitivo frente ao dianteiro bovino
Apesar de uma leve redução, a relação de preços entre carne de frango e dianteiro bovino se manteve competitiva em maio. Foram necessários 2,32 kg de frango para igualar 1 kg de dianteiro bovino, contra uma média desde 2010 de 2,06. No último ano, essa relação esteve menos favorável ao frango devido aos preços deprimidos da carne bovina.
Em termos percentuais, o preço do frango subiu 22% no comparativo maio/25 contra maio/24, enquanto o dianteiro bovino aumentou 43%. Para que a relação volte ao patamar extremamente competitivo observado em fevereiro de 2022 (acima de 3 kg de frango por kg de dianteiro), o preço do frango precisaria cair cerca de 23%, mantendo-se estável o dianteiro.
Impactos da gripe aviária nas exportações em junho
As próximas semanas serão decisivas para o setor, pois o governo brasileiro negocia com países que já impuseram embargo total à carne de frango do Brasil. Atualmente, mais de 20 países mantêm restrições, sendo os mais relevantes:
- China, União Europeia e Filipinas: embargo total ao Brasil
- Emirados Árabes, Arábia Saudita e Japão: restrição apenas ao município de Montenegro, no RS
Caso não haja novos casos, o país poderá tentar negociar a regionalização dos bloqueios, o que reduziria o impacto nas exportações e no mercado interno. No entanto, a expectativa é que esse processo não seja rápido, levando pelo menos um mês para apresentar resultados positivos.
Perspectivas para o mercado interno e externo
Com o enfraquecimento das exportações em junho, os preços locais devem perder sustentação, o que pode afetar as margens do setor. Ainda assim, dado que o Brasil é um dos poucos grandes exportadores livres de histórico recente da doença — junto a EUA, União Europeia e Tailândia —, é improvável que haja quedas expressivas e duradouras na demanda externa.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio